Como fica minha aposentadoria?
O que eu ganho e o que me prejudica?
Saiba como as novas regras da previdência social impactarão sua vida.
Caros leitores, a reforma da previdência era inevitável, seríamos afetados de uma forma ou de outra. Se não fosse feita desta maneira, seria na forma de aumento de impostos, portanto ela é um mal necessário.
Antes de esclarecer as principais mudanças e como isso impacta cada um, quero escrever mais algumas palavras sobre a importância disso tudo.
Ao longo dos anos o número de aposentados cresce numa velocidade muito maior do que aumenta o número de novos contribuintes. Sem a reforma, num curto espaço de tempo, o sistema entraria em colapso, quebraria.
A reforma poderia ser substituída por aumento de impostos porém, não solucionaria o problema, somente adiaria o colapso, para um próximo governo ou uma próxima geração.
Com essas mudanças 5.500 reais será o teto do benéfico para todos. Excluindo assim novos casos de “superbeneficiados” do setor privado, os quais ganham 10 mil por mês de aposentadoria, 12 mil, 15 mil, 20 mil e alguns até acima disso, enquanto 30.000.000,00 (milhões) de pessoas recebem somente 1 (um) salário mínimo.
A reforma equilibrará o benefício de aposentadoria social entre as diferentes profissões.
Assim, reforço mais uma vez, é um mal necessário. É claro que poderia ser menos agressiva em alguns pontos, como vou levantar nesse texto.
Agora vamos ao que interessa, como isso tudo me impacta?
Primeiro, a quem isso não impacta?
Militares.
Pessoas que já recebem o benefício.
Pessoas com direito adquirido. Corresponde aqueles que já atingiram os quesitos mínimos para aposentar com a regra atual. Mesmo sem terem solicitado o início do recebimento do benefício, ou até mesmo continuam trabalhando para melhora-lo.
Caso se enquadre nesses perfis, não precisa se preocupar.
Segundo, a quem isso impacta um pouco?
Homens com mais de 50 anos que ainda buscam os quesitos mínimos.
Mulheres com mais de 45 anos que ainda buscam os quesitos mínimos.
Esses dois casos entrarão na regra de transição. Precisarão trabalhar os anos faltantes e mais metade desse tempo.
Exemplo, se faltam 4 anos para se aposentar, precisarão trabalhar esses 4 anos, e mais 2 anos, correspondentes a metade do tempo faltante para atingir os quesitos mínimos.
Cuidado se você já está recebendo o benefício mas ainda trabalha e continua contribuindo para aumentar seu benefício atual, prática conhecida por desaposentação. Isso será discutido futuramente, não foi levantado esse tema nessas primeiras mudanças, porém o governo desconhece essa modalidade e não sabemos se será incluída na nova regra.
Terceiro, quem impacta diretamente?
Todo o restante. Homens com menos de 50 anos e mulheres com menos de 45 anos, independente se for do setor privado ou público.
Descubra os principais tópicos:
Todos agora possuem a mesma idade de aposentadoria, 65 anos
Os professores não possuem mais regalias constitucionais.
O mínimo de contribuição também foi igualado a todos e é de 25 anos.
Aos 65 anos, se contribuiu por 25 anos, receberá 75% do benefício
Aos 65 anos, se contribuiu por 49 anos, receberá 100% do benefício
Sim, não errei, são mesmo 49 anos de contribuição para ter direito a 100% do benéfico. Se aos 65 anos ainda faltarem mais alguns anos, precisará continuar contribuindo se quiser ter os 100%.
A nova aposentadoria, intitulada somente como aposentadoria mesmo, é uma mistura de aposentadoria por tempo de contribuição e aposentadoria por idade.
Quanto a hereditariedade do benefício, a família terá uma cota de 50% do benefício do falecido, e mais 10% por membro da família, contando somente cônjuge e filhos.
Exemplo, se uma esposa fica viúva com um filho, ela recebe 50% mais 10% referente à parte dela e mais 10% referente à parte do filho, somando um direito de 70% do benefício do falecido.
Porém cuidado. Cada filho, ao completar 21 anos, o benéfico diminuirá 10% referente à sua parte. Assim seguindo o exemplo anterior, essa viúva ficaria somente com 60% do benefício (50%+10%).
Se durante as suas contribuições seu cônjuge vier a falecer, terá que escolher entre manter suas contribuições e se aposentar com seus próprios direitos ou parar de contribuir e ficar somente com a pensão do falecido, seguindo a regra acima.
Agora quase terminando, veja o que está mal explicado.
O ajuste da idade mínima será baseada não na expectativa de vida da população e sim pela expectativa de sobrevida de quem tem 65 anos.
Assim quanto mais longínqua for nossa sociedade maior será a idade mínima de aposentadoria.
Resumindo, quanto mais nossa sociedade se desenvolver para termos uma vida mais longa com saúde, não poderemos aproveitar na mesma proporção esse grande avanço, deveremos trabalhar esse tempo a mais para se aposentar nas mesas condições.
Os avanços na medicina, nos cuidados com nossa saúde e alimentação, serão os “chefes carrascos” que nos obrigarão a trabalhar mais.
Faz sentido?
E quanto aos militares, os quais correspondem a uma parcela significativa desse rombo. Falaram mais alto e o governo cedeu, “prestou continência” e não os incluiu nessa reforma.
Vamos analisar se faz sentido a justificativa dada pelo governo ao “bater continência” a eles, alegando serem uma parcela insignificante para os cofres públicos.
O valor do custo de um aposentado do setor privado para o governo é de 3.400 reais por ano
Enquanto o valor de um militar aposentado é de 109.000 reais por ano.
Não faria sentido eles também entrarem nessa reforma
32 bilhões de reais é o de déficit no orçamento da previdência social, se cada um contribuir com um pouco de sacrifício todos seremos beneficiados, e não teremos mais “superbeneficiados”.
Outro ponto a ser discutido é o caso das mulheres. Para alguns economistas elas não foram mais prejudicadas com tudo isso, como muitos estão dizendo e sim a sociedade está se equilibrando.
As mulheres que antes faziam dupla jornada, trabalhando em seus empregos e também em casa, agora deverão dividir com seus maridos as tarefas domésticas. Pois essas novas mudanças não se distinguirão por gênero, e assim, os afazeres domésticos, também não deveriam.
Bom, caro leitor, tudo isso ainda irá para votação no Senado, não é nada oficial, podem haver alterações em todos esse temas abordados.
Antes de finalizar você já pensou numa matemática simples sobre a velocidade da natalidade?
Se é necessário um homem e uma mulher para terem um bebê e se cada casal em média continuar tendo somente um bebê, daqui algumas gerações, será triste a vida do “Adão invertido”, o último homem brasileiro.
Ele precisará arcará com a aposentadoria de todos os vivos, não terá recursos para aposentar e ainda morrerá sozinho.
Agora, deixo como forma de reflexão, para aqueles que se preocupam com a própria liberdade financeira e sua dignidade numa vida após os 60 anos.
O que eu ganho em contribuir para a previdência social e o que eu perco caso não o faça?
Serei o único impactado, caso não contribua para a previdência social, ou isso se reflete em mais pessoas na sociedade?
Confiarei meu futuro na mão de funcionários do governo ou me movimentarei para me garantir enquanto ainda há tempo? Mas em qual direção “correr”?
O Envelhecimento é o mal do século, isso todos nós já sabemos, agora a questão é, como me protejer dele?
Guilherme Rosante
Financial Adviser
Membro Million Dollar Round Table®